"A voz de comando já não é a mesma. Eu chego na empresa, pergunto por Antonio, o gerente e me comunicam que ele foi dispensado. Como assim? Ele foi demitido? Alguém me consultou? Qual é o poder que eu tenho nessa empresa? Eu não conheço mais ninguém..."
Essa é uma situação muito comum nos processos de restruturação organizacional. O principal acionista da empresa perde o senso de propriedade e não identifica mais o seu poder dentro da empresa. Conheça algumas fatores que norteiam esse processo:
- Dono que não manda:
Durante o processo de reestruração organizacional, é comum a descentralização do processo decisório na empresa. O dono que teve a ideia de criar a empresa, percebeu o seu crescimento e conhece o negócio como ninguém, começa a perder o poder na tomada de decisões. Isso acontece porque novas pessoas são contratadas, outras são demitidas e o modelo de gestão se altera. Sendo assim, o proprietário percebe que a sua voz de comando não ecoa mais em todos os níveis da organização.
- Desmoronamento das relações de confiança:
No início do negócio, o dono contratou pessoas de confiança para acompanhá-lo no crescimento da empresa. Muitas vezes, os profissionais não são escolhidos pela competência, mas sim pela lealdade ao fundador. Quando ele percebe que esses profissionais não estão mais na empresa, ele fica “sem chão”, não sabe em quem mais pode confiar. Nesse momento, é importante que o dono passe a ter confiança nos processos de gestão e não especificamente nas pessoas.
- Modelo de gestão por processos X Força da palavra:
A força da palavra do proprietário já não é mais a mesma, as pessoas que estão na empresa não são mais aquelas de confiança que fazem as coisas da forma como ele gostaria. Agora não é mais “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, o modelo de gestão baseado na confiança, passa a ser pautado em processos, de forma a profissionalizar a organização.
- Gente estranha na gestão:
Com a reestruturação, é comum o aporte de novas competências. Algumas pessoas são demitidas e profissionais mais preparados são contratados. Para o dono, que não conhece a família, os valores e a origem daquele profissional, sente que a empresa foi invadida por pessoas estranhas.
- Resultados diferenciados:
A sensação do dono de não ter mais poder, de não ter mais pessoas de confiança na empresa, não sentir mais que a sua palavra tem força e se ver rodeado apenas de pessoas estranhas, só vai ser modificada quando ele perceber resultados diferenciados. É nesse momento que o proprietário começa a dar crédito às mudanças e confia em deixar a sua empresa nas mãos de novos profissionais.
- Crescimento sustentado:
Quando o dono percebe que o crescimento da sua empresa está sustentado em profissionais capacitados, que buscam por resultados diferenciados, ele passa a confiar no novo modelo de gestão e se sente mais confortável com a reestruturação dos processos organizacionais.
Porém, esse período de aceitação não é fácil. É necessário estar preparado para não entrar em depressão ou ter outros problemas psicológicos com o medo de perder o poder. A reestruturação dos processos é essencial para as empresas, sempre é preciso criar e inovar para continuar em destaque no mercado competitivo.
2 comentários:
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Neste período de transição, o dono deve estar o mais presente possível nas tomadas de decisões (acompanhando todo o processo, as pessoas envolvidas e o ambiente psicológico e físico) porém, não é aconselhável interferir nas ações tomadas, muito menos se omitir em alguma eventual circunstância.
Estar sempre que possível presenciando as mudanças sem estar diretamente envolvido (embora sendo o dono) faz com que a nova gestão ou mesmo o proprietário não venha a sofrer efeitos colaterais.
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Meu grande e Jovem Rui Rocha,
Gostaria de contribuir!!!
Neste momento a Empresa que represento esta passando por profundas mudanças na gestão e na Governança, deixa de ser uma empresa familiar para se profissionalizar, como bem mencionado no seu texto ela buscou profissionais para dar o alicerce a esta restruturação, mas a dor do nono não muda, surge às perguntas, como confiar? Até onde permitir ou aceitar as mudanças? Será que realmente eu confio nos processos? Será que devo retomar o poder de decisão e mando?.
Existe uma luta constante em querer interferir nos processos, a família sabe que necessita da mudança, mas reluta em aceitar, muitos interesses em jogo, poder, ambição, status, etc...
Ai lhe pergunto como enfrentar isso, o ser humano e movido por desafios, por senso de propriedade, se apega a bens materiais, da valor a sua criação e não se permite modificações na linha de pensamento.
Então como podemos contribuir efetivamente para modificar este pensamento de dono?
Abraço,
Marco Recchiutti
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